Tatiana Soares. A idade não importa. Escrevo com o coração não com a cabeça. Sinto o que escrevo, não o que penso. Alegre ou triste é parte de mim. Escrever ajuda-me a aliviar a dor ou a compartilhar alegrias. Não escrevo bem, mas vem da alma, pelo menos, é sincero. Não uso palavras caras, mas vou direta ao assunto. Escrevo, sinto, vivo e (re)escrevo. Construo-me a cada frase, cresço a cada palavra, ergo-me a cada sílaba, faço-me forte a cada letra. Choro ao escrever, rio ao ler, dou cada passo e espero crescer. Partes de mim, partes de uma vida, a minha vida pouco bem definida.Lamentações e lamurias, queixas e protestos, insatisfações e lutas constantes. Letras soltas e divagações, escrevo da vida e das minhas ações. De mim não posso dizer muito, mas pouco também não me descreve. Sou simples sendo complexa. Sou grande sem passar de um metro e sessenta e seis de altura. Sou sensível sendo fria. Não passo de alguém comum que faz coisas comuns. Sonho mudar o ser das pessoas. Tenho um caráter impulsivo e persuasivo. Sou arrogante mesmo sendo meiga. Sou eu, sendo outra. Desde cedo, tão cedo que não posso precisar quando, dependo das pessoas. Dependo não de todos nem de qualquer um. Dependo daqueles que me são tanto, não daqueles que me são apenas. Dependo das vitórias, dependo das lágrimas derramadas pela perda. Dependo dos ritmos do coração, apesar de serem hoje mais escassos do que outrora, contendo um amor tão mais forte. Dependo dos sorrisos sinceros. Dependo dos abraços, aqueles inesperados que te aconchegam a alma. Dependo dos beijos, aqueles profundos e intensos que te arrepiam de uma ponta à outra. Dependo dos miminhos, das palavras doces mesmo em momentos de raiva. Dependo da paciência para com o meu pobre ser. Dependo dos defeitos que me fazem crescer. Dependo do passado, mais do que o futuro, pois este pouco me dá sem dores de cabeça. Dependo pouco do presente, mas tanto de quem comigo está nele. Dependo dos amores passados. Dependo das recordações d'infância guardadas nas gavetas do coração. Dependo das fotografias amontoadas em pó de mim e dos outros. Dependo das minhas manias, do negativismo aceso que me torna louca. Dependo das idéias absurdas que volta e meia atormentam o meu íntimo. Dependo do mar e da areia, dependo da lua cheia quando brilha mais que o sol. Dependo de boa comida, de massa, de peixes, de chocolates e semelhantes. Dependo do pôr do sol bem acompanhado. Dependo dos sons que me entram no corpo e rebentam as veias. Dependo dos passos de dança que me libertam de todo o mal contido. Dependo de uma doença que não me larga, que me há-de acompanhar mais que o meu melhor amigo. Dependo da força, que às vezes vem, não se sabe nunca quando nem se sabe nunca o porquê. Dependo das tendências psicopatas, das tendências suicidas que tentam tirar-me daqui para fora. Dependo das depressões mal curadas, das emoções nunca saradas. Dependo de mim, mesmo não percebendo como. Dependo das canções de amor que me fazem chorar que nem uma criança. Dependo do apoio que me é dado. Dependo das discussões que servem para algo, daquelas que acabam sempre bem por muito amargas que sejam. Dependo da mãe e da dindinha. Dependo da prima e da melhor amiga. Dependo daqueles que mesmo estando há pouco naquela a que teimam em chamar de vida, me são tanto mais do que eu mesma. Dependo do homem da minha vida, aquele que incessantemente procurei, e quando desisti ele apareceu. Dependo do nosso amor, dependo das amizades. Dependo da saudade, dependo da presença. Dependo de ti, de mim e de nós. Dependo da nossa vida, dependo do nosso futuro. Sou dependente, e está dito.